Sexto episódio Supertalks by Superbrands com Pedro Pimentel já disponível no site da RFM

Pedro Pimentel foi o sexto convidado do podcast Supertalks by Superbrands que teve como tema a pessoa singular, no âmbito da carreira, e como conjugar as duas vertentes, balançando-as num casamento, idealmente, perfeito. Vida pessoal vs vida profissional: a pessoa por trás do profissional.

Diretor Geral da Centromarca desde 2013, Pedro Pimentel sonhava ser historiador… até ao dia em que percebeu que as saídas profissionais passariam por ser professor de história. Coisa que não o cativava.

Aí enveredou por outra área mas sempre com a história presente no dia a dia.

Ninguém consegue construir um futuro sem perceber o passado

A primeira pergunta que fizemos ao Pedro prendeu-se com o facto de, trabalhando na Centromarca e lidando, diariamente, com centenas de Marcas, se conhecia muita gente que associasse as duas dimensões de que falamos: serem excelentes pessoas e excelentes profissionais.

A resposta foi simples.

Há, certamente, excelentes pessoas que jamais serão excelentes profissionais mas dificilmente há excelentes profissionais que não sejam excelentes pessoas. Isto porque não conseguimos dissociar aquilo que é a relação do profissional com as suas equipas e as outras pessoas.

É muito raro alguém que tenha um trato menos bom com as pessoas vá ter um bom desempenho profissional.

O Pedro é natural do Porto, vive em Lisboa mas a sua família está e sempre esteve no norte. A semana de trabalho começa com 300km e acaba com outros 300. Sempre ocupou cargos de liderança, de um homem só e, por isso, um trabalho muito isolado que implica, muitas vezes, um desrespeito pelas horas. Confessa que, felizmente, o seu trabalho é bastante bem compreendido e aceite pela família e, quando está no porto, tenta ter o máximo de tempo de qualidade com eles.

Quando questionámos sobre a dificuldade de gerir uma carreira de topo, em Portugal, com horários e remunerações bastante diferentes do resto da Europa, com a vida pessoal, Pedro respondeu que é falacioso.

As nossas remunerações são altas ou baixas dependente do estilo de vida que as pessoas querem fazer. Felizmente não vivo por dinheiro, não é isso que me move.

Acrescenta ainda que temos muito bons profissionais, em Portugal, e não é pelo que ganham. Não será essa a motivação das pessoas. Muitas têm carreiras importantes e, claro, que a parte financeira é importante mas não será fulcral.

Não gosto do ditado português: “tal dinheirinho, tal trabalhinho”.

Ainda se lembra, na altura em que as pessoas eram aumentadas com frequência, de alguém que lhe disse: “cada vez que uma pessoa é aumentada, isso tem o efeito mental de uma semana. Ao fim de uma semana tudo passa. O problema são as outras semanas todas em que a pessoa não tem esse efeito mental.”

Acredita que o profissional deve ter as suas próprias motivações e trabalhar para uma organização melhor.

Quando falamos de jovens a entrar no mercado de trabalho, o Pedro tem a opinião de que estamos a inverter os papeis de forma um bocadinho exagerada.

É apoiante da ideia de que é necessário compaginar a vida pessoal com a vida profissional e que, não se deve abdicar de alguns requisitos da vida pessoal em detrimento da profissional. Mas acredita que se queremos ter uma evolução profissional, temos de fazer alguns sacrifícios, alguns compromissos.

Às vezes há excesso de vontade de chegar a tal sítio/cargo ou posição mas falta de vontade de fazer o caminho.

É importante que as pessoas tenham noção que os nossos passos nos conduzem a algum lado, nem sempre nos conduzem àquilo que desejaríamos, mas conduzem a algum lado… e se não fizermos esses passos nunca chegaremos lá.

Na opinião de Pedro Pimentel, o que acontece em Portugal que difere dos outros países, talvez seja a organização. Ou falta dela.

Quando conseguimos ter as vidas organizadas, as empresas e os locais de trabalho, o tempo é suficiente. Há, muitas vezes, exigência adicional mas é preciso que essas exigências também impliquem motivação para estar presente todos os dis. No final, há tempo para tudo. Para trabalhar quando é preciso e para relaxar quando é necessário.

As pessoas fazem as Marcas e, é por este fator, que “entidades muito parecidas chegam a resultados muito diferentes… porque têm pessoas diferentes. Boas pessoas nunca fazem casas piores”.

Outro dos problemas que o país enfrenta é a cultura excessiva do politicamente correto. As pessoas têm muita dificuldade em se expressarem e têm muito medo das reações àquilo que vão dizer. É preciso combater isto e dar oportunidade para que as pessoas mostrem as suas convicções sem medo de serem prejudicadas.

Há pouco tempo passou-me um inquérito pelas mãos que perguntava se os CEO´s das empresas deviam ser mais ativos e mais ativistas ou menos ativos e menos ativistas. E, claro, os resultados diziam que deviam sempre ser mais ativistas mas depois, ao mesmo tempo, quando uma pessoa fala , imediatamente, hoje, há uma tribuna. Raramente as pessoas vêm dizer: “olha realmente fizeste muito bem”, há sempre aquele lado muito crítico. E é um bocadinho isto que também impede, muitas vezes, dos mais novos aos mais velhos, que as pessoas assumam a sua marca. Assumir a sua marca é ter a capacidade de se expressarem para o bem e para o mal.

Quando tratámos o tema do recrutamento de novos talentos, o entrevistado com competências nas áreas do marketing, relações públicas e economia, admitiu que, em Portugal, do ponto de vista académico, formamos pessoas com grandes capacidades e habilitações mas, ao nível das social skills, muito débeis. É algo que tem de ser alterado, porque a tendência é para procurar, cada vez mais, um profissional que tenha a capacidade de trabalhar em equipa, perceber as pessoas, não só o bom profissional, o sábio com boas notas.

Um dos highlights da entrevista foi a preocupação, muitas vezes desvalorizada, com o fim de carreira dos profissionais mais velhos.

Fala-se muitas vezes da inserção dos jovens no mercado de trabalho, cultivar um ambiente de equipa saudável para captar e reter talentos, o que é preciso para entrar num primeiro emprego mas esquece-se que as empresas também têm de ser altamente sensíveis para as pessoas mais velhas.

O regresso ao mercado de trabalho, para uma pessoa mais velha, é uma coisa extremamente complexa. As empresas têm de ter políticas bem definidas, na forma como trabalham, na forma como contratam e regulam a sua relação com o jovem que entra como também têm de ser super atenciosos e dedicados à forma como as pessoas saem. Saber sair é uma arte. Saber estar e permanecer também é.

Ter apenas uma equipa jovem não cumpre todos os objetivos, falta experiência e, uma equipa idosa, pode precisar de se atualizar. É preciso haver um equilíbrio entre as duas partes.

No final do episódio, em jeito de conclusão, pedimos aos nossos entrevistados que nos deixem conselhos para quem nos está a ouvir e está agora a entrar no mercado de trabalho.

O primeiro conselho dado prende-se com o facto de todos nós sermos pessoas e é importante que pensemos nas Marcas e quem está do outro lado da Marca, o consumidor, exatamente como pessoa. Falar para elas. Humanizar e personalizar.

O segundo está assente no ditado: “Não faças aos outros aquilo que não gostarias que te fizessem a ti”. Mais uma vez, Marcas são pessoas e temos de nos relacionar com os outros dessa forma!

Agora pode ouvir esta e outras entrevistas, sobre o mundo das Marcas, no site ou no popcast da RFM, aqui.

Todas as quintas-feiras trazemos novos convidados para partilhar experiências e aprendizagens. Fique atento!

#Supertalks

message sent illustration

Faça parte da nossa comunidade

As últimas notícias, eventos e histórias entregues diretamente na sua caixa de entrada.

Subscrever através do LinkedIn

Parceiros