Perguntam-me muitas vezes quais são os ingredientes da boa comunicação? A verdade é que não há propriamente “segredos para a boa comunicação pois é ampla a informação sobre a matéria.Ainda assim, partilho alguns dos “segredos” que considero cruciais para a boa comunicação.

#1. Privilegiar a Forma sobre o Conteúdo

O tom de voz, a forma como se diz, a linguagem corporal são aspectos determinantes para estimular boa comunicação e, na maioria das vezes, são muito mais relevantes que o próprio conteúdo.

Sei que esta visão pode ser polémica, pois naturalmente que uma boa comunicação dependerá sempre do equilíbrio destes dois factores – conteúdo e forma. Contudo, um bom conteúdo de per si não é suficiente para o sucesso (quem não privou já com excelentes “técnicos” que não são necessariamente professores ou comunicadores brilhantes?).

Este princípio do predomínio da forma sobre o conteúdo aplica-se de forma abrangente, quer à comunicação interpessoal (por ex: criar empatia), institucional (por ex: criar percepção da Empresa) ou comercial (por ex: posicionar um produto).

 

#2. Ouvir mais e falar menos

O imediatismo que os novos canais nos trouxeram nos últimos anos, relegaram muitas vezes para segundo plano este factor crítico: saber escutar.

A verdade é que a escuta activa é um elemento importantíssimo da boa comunicação, para nos permitir comunicar mais eficazmente. Esta capacidade de escuta evita que saltemos para conclusões pouco fundamentadas, permitindo-nos suportar as conclusões em perspectiva diversa e bem fundamentadas. Por isso, é importante fazer as perguntas certas nos momentos certos, de forma delicada, para construir empatia.

#3. Falar a linguagem de quem nos ouve.

É um erro comum: face a um objectivo, estabelece-se um “tom de voz” para se falar para públicos distintos. Contudo, sabemos que não se fala da mesma maneira para toda a gente.

Por isso, um dos segredos a não esquecer será adequar a forma como se diz às pessoas ou ao público para quem estou a falar, para garantir que a mensagem é claramente percebida, que a atenção foi conquistada e que o envolvimento irá acontecer.

#4. Falar. De viva voz.

As novas tendências da digitalização fazem imperar os canais de comunicação escrita: whatsapp, e-mails, SMS e afins são cada vez mais canais preferenciais para a troca de informação.

Contudo, é preciso não esquecer que comunicação e informação são dois conceitos distintos. Para o sucesso da comunicação acontecer é preciso “pôr em comum” (o conceito de comunicação vem do latim communicare, que significa tornar comum, compartilhar, associar).

Assim, olhado numa perspectiva mais ampla, se pretendemos comunicar para estimular a ligação com outra pessoa – seja para “convencer”, para motivar ou para ser inspirador – a interacção pessoal, de viva-voz, tem sempre um papel predominante sobre a escrita. Conversar ou falar pessoalmente tem um impacto emocional, crítico na agilização da boa comunicação, minimizando entropias naturais dos canais indirectos.

“Escutar a voz de outra pessoa aumenta a perceção de clareza e compreensão do que está em causa e a ligação entre as partes.” Carla Rocha in Escreva menos, fale mais

#5. Construir uma história

A utilização da dimensão emocional para captação da atenção é um dos elementos mais críticos para o sucesso da comunicação. Por isso, saber construir uma história é uma das partes críticas do segredo.

Uma história bem contada apela à dimensão emocional, de envolvimento e sedução (attention-grabbers). Uma história bem contada fica mais facilmente plantada na cabeça das pessoas durante mais tempo (apesar da passagem dos anos, quem não se lembra de algumas das histórias das avós?). Uma história bem contada tem um impacto e um valor muito maior que factos e teorias reais.

Por isso, a capacidade de construir uma história bem contada é um dos aspectos centrais da geração de impacto na comunicação.

Fonte: Pedro Diogo Vaz, Senior Partner | Superbrands Portugal