A opinião de… Alexandra Pereira, da DDB Portugal

Na criatividade, liderar é inspirar? A General Manager da DDB Portugal & conselheira da Superbrands 2025, Alexandra Pereira, partilha a sua visão.

Num mundo onde a atenção é o bem mais escasso e a diferenciação é a única vantagem competitiva real, a criatividade deixou de ser um luxo. Mas há uma pergunta que raramente fazemos com a profundidade que merece: quem lidera, afinal, a criatividade?

A resposta parece simples e óbvia, atrevo-me a dizer: os criativos. Mas a verdade é mais complexa. A criatividade é um ecossistema. E como qualquer ecossistema, ela depende do clima certo para florescer, para as ideias brotarem e florirem. Esse clima é definido, todos os dias, pela liderança das agências. Porque, na verdade, a criatividade não se impõe. Inspira-se.

Liderar em comunicação, quer seja branding, quer seja publicidade tradicional – um termo cada vez mais datado –, não é apenas gerir equipas, clientes, budgets ou deadlines. É ter a coragem de proteger o espaço criativo num mundo focado em métricas. É saber que ideias extraordinárias não nascem do medo, mas da liberdade. E que a liberdade criativa só existe quando há confiança — confiança no talento, no processo e, acima de tudo, nas pessoas.

Líderes que inspiram são aqueles que não têm medo de ouvir uma ideia que os surpreende, em arriscar apresentar esta ou aquela ideia, ainda que o seu ponto de vista seja dissonante da maioria da equipa. Então, se assim é, não deverá o líder, confiar e arriscar ao lado das suas equipas, liderando-as pela empatia e não pelo ego? Os líderes não devem sufocar a diferença, mas antes celebrá-la. São esses líderes que transformam equipas em espaços de inovação.

A criatividade precisa de oxigénio. E esse oxigénio vem da escuta ativa, da curiosidade constante e da capacidade de dizer “não sei, não percebi nada, mas havemos de lá chegar juntos”. Um líder que inspira não é aquele que tem todas as respostas, mas aquele que faz perguntas poderosas.

Criatividade exige espaço para errar. E errar exige segurança psicológica. Essa segurança não se escreve em manuais — constrói-se todos os dias, nas reuniões, nos feedbacks, nos silêncios respeitados e nas ideias acolhidas.

Num setor onde todos têm acesso às mesmas ferramentas, dados e tendências, o que diferencia uma equipa é a coragem de pensar diferente. E essa coragem começa na liderança e na segurança psicológica que esta proporciona.

Liderar com visão é importante. Mas liderar com visão e sensibilidade é transformador e poderoso. Porque no fim do dia, a criatividade não é apenas uma competência — é uma emoção. E emoções não se gerem com processos. Gerem-se com humanidade.

E talvez seja isso que distingue os grandes líderes dos bons gestores: a capacidade de inspirar não só boas ideias, mas grandes transformações num ambiente em que todos se sintam emocionalmente seguros e empoderados.

A criatividade é o ativo mais valioso da comunicação – e a liderança é o seu maior aliado ou inimigo. Num mundo onde a diferenciação é tudo, liderar com empatia, frontalidade, humanismo, proximidade e coragem, é mais do que uma escolha: é uma necessidade estratégica.

Alexandra Pereira, General Manager da DDB Portugal

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